
O Instituto Universitário Militar realiza o exercício JOINT MINDSET (JMS), no âmbito das atividades letivas do Curso de Estado-Maior Conjunto (CEMC) sob a responsabilidade da Área de Ensino de Operações Militares (AEOM). Este exercício conta com a participação dos discentes do CEMC e ainda, com a colaboração do Instituto Diplomático (IDi) do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (CENJOR), numa parceria que permite promover o conhecimento mútuo e interação dos níveis político e militar na gestão de crises, bem como no domínio da interação entre relações públicas civis e militares.
O Exercício JMS enquadra-se nas Unidades Curriculares de Planeamento de Operações e Arte Operacional (POAO) e de Gestão Operacional (GO) do CEMC, tendo como objetivos:
• Treinar a assessoria militar aos elementos do poder político;
• Treinar o planeamento de operações aos níveis estratégico-militar e operacional;
• Executar a gestão operacional de uma operação;
• Praticar o contacto com os órgãos de comunicação social, no planeamento de uma operação de resposta a crises.
O exercício tem por base do Processo de Planeamento de Operações (OPP) da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) preconizado no NATO Crises Response Process (NCRP) e na Comprehensive Operations Planning Directive (COPD), tendo decorrido ao longo de cinco fases distintas:
Fase I – Nível Político:
• Os discentes do CEMC apoiam o nível político, materializado pelos representantes do IDi, nas negociações ao nível de Embaixador do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com os atores envolvidos;
• O produto no final desta fase é a elaboração de uma Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas com vista a uma intervenção militar na área em conflito.
Fase II – Planeamento Estratégico Militar:
• Esta fase corresponde à Fase 3 (Opções de Resposta Militar) do nível estratégico e à Fase 2 (Avaliação Operacional do Ambiente Estratégico) do nível operacional, preconizadas no OPP da NATO;
• Os discentes do CEMC constituem dois Crisis and Operations Planning Group (COPG) e desenvolvem as Opções de Resposta Militar (MRO) e para cada uma dessas, efetuam o respetivo Operational Advice, para posterior apresentação das MRO ao nível político, em que os representantes do IDi materializaram a “cúpula” do North Atlantic Council (NAC), para subsequente aprovação por parte deste órgão político.
Fase III – Planeamento de Operações:
• Esta fase corresponde às Fases 3a (Análise da Missão) e 3b (Desenvolvimento das Modalidades de Ação) do nível operacional, de acordo com o OPP da NATO;
• Os discentes do CEMC constituem vários Joint Operations Planning Group (JOPG) e efetuam a análise de missão, desenvolvem as modalidades de ação e conduzem o Jogo da Guerra. No final da Fase 3a conduzem o Brífingue da Análise da Missão e na Fase 3b o Brífingue de Decisão das Modalidades de Ação.
Fase IV – Gestão Operacional:
• Esta fase corresponde à Fase 5 (Execução) do nível operacional, preconizada no OPP da NATO;
• Os discentes do CEMC face ao lançamento de um “incidente” efetuam a coordenação e sincronização da campanha através da condução do Intelligence Coordination Working Group (ICWG) e Joint Coordination Working Group (JCWG). Para tal, efetuam um Situational Awareness Brífingue (SAB) diário e conduzem reuniões de trabalho no âmbito destes dois working groups (WG), propondo uma solução para o problema, apresentado posteriormente no âmbito do Joint Coordination Board (JCB);
• No final desta fase os Discentes preparam e conduzem uma conferência de imprensa, contando para tal com o apoio de jornalistas do CENJOR.
Fase V – Avaliação:
• No final do Exercício JMS é efetuado o Post Exercise Discussion (PXD) com a finalidade de identificar lacunas e/ou lições identificadas e eventuais necessidades de correção que conduzam à melhoria futura do planeamento e execução deste exercício.
O cenário do exercício é baseado numa situação fictícia, sem carga política real. A situação criada insere-se numa área regional de grande heterogeneidade e diversidade, caracterizada nas últimas décadas por uma grande instabilidade política, económica e social. Assim, a Comunidade Internacional decide intervir e, sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU), é alcançado um acordo de paz. É então solicitado o apoio da NATO para liderar uma Operação de Apoio à Paz e o Supreme Allied Commander Europe (SACEUR) decide empregar uma Combined Joint Task Force (CJTF). A missão é a de garantir o cumprimento dos termos do mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas e assegurar um ambiente estável num território fictício.
Os discentes que frequentam o CEMC constituem o estado-maior da CJTF, articulando meios das componentes Naval, Terrestre, Aérea e de Operações Especiais integradas na CJTF, no sentido de impor a paz no território, sob legitimação de um mandato das Nações Unidas.
O IUM conduz este exercício desde 2007, onde centenas de oficiais superiores, na qualidade de discentes do CEMC, exercitam a sua capacidade de planear operações em termos conjuntos, ao nível estratégico e operacional. Nos últimos anos, o IDi também tem participado no sentido de garantir a coordenação entre os níveis político e militar, assim como o CENJOR, no sentido de os discentes praticarem o contato com os órgãos de comunicação social.
O exercício JMS proporciona a oportunidade de exercitar o planeamento de operações conjuntas num ambiente multinacional, constituindo-se desse modo como um pilar fundamental para a preparação dos discentes que frequentam o CEMC, tendo em linha de conta a finalidade do próprio curso que visa “[…] qualificar oficiais superiores das Forças Armadas para o desempenho de funções ao nível operacional e estratégico, em estados-maiores conjuntos nacionais e internacionais, nas estruturas superiores das Forças Armadas e da Defesa Nacional, e em organizações nacionais e internacionais”.